Sintra

04 Dez. 18
Sintra

Um refúgio de nobreza

A cidade de Sintra, classificada como patrimônio mundial pela UNESCO, é um lugar aonde sempre volta. A beleza concentrada em um lugar tão pequeno é irresistível. Graças à sua privilegiada posição geográfica, caracteriza-se por um microclima único (sempre fica pouco mais frio do que em Lisboa) que alimenta o exotismo romântico de paisagem, com centenas de flores e árvores, jardins, parques e florestas inigualáveis. Até comentei nos Stories que para mim Sintra cheira aos Lagos de Plitvice. Não sei explicar.

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Como chegar?

Dependendo da época, separem um dia inteiro para visitar Sintra. Fica a 25 km de Lisboa, pode alugar o carro como a maioria faz ou não dirigir pelas estradas estreitas e simplesmente apanhar o comboio/trem da estação de Rossio que sai cada 10-20 minutos e chega em 40 minutos a Sintra. Nós pagámos o bilhete para ida e volta 4,50€ por pessoa. Acho barato. Porém, locomover-se em Sintra é muito mais caro. Existem as linhas turísticas de autocarro/ônibus, tipo hop on – hop off que custam 15€ por pessoa para 24h. As duas linhas que levam aos palácios são 434 e 435. Dá para comprar por parada também (por exemplo – nós fomos ao Palácio da Pena de no. 434 e pagámos 3,90€, descemos a pé até a Quinta da Regaleira, de onde voltamos à estação de no. 435, que pagámos 4,35€).

O que visitar?

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Sintra contém palácios deslumbrantes, um castelo em ruínas e outras grandes residências, todas situadas no centro do magnífico cenário do Parque Nacional da Serra de Sintra. O seu maior problema vai ser encaixar tanto conteúdo em pouco tempo (se for bate-volta como no nosso caso). Recomendo começar com o Palácio da Pena, que visitámos junto com a Quinta da Regaleira.

Palácio da Pena

Quem aprecia a combinação de cores, mistura de estilos neo-gótico, neo-manuelino, neo-islâmico e neo-renascentista, vistas de 500 metros de altitude, vai encantar-se com o Palácio da Pena. Situado em um dos picos mais altos de Sintra, o palácio ainda está com toda a decoração do século passado, o que leva o turista a uma verdadeira viagem ao tempo. O Palácio da Pena é uma das principais expressões da arquitetura romântica do século XIX, sendo o primeiro palácio da Europa neste estilo.

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Este cartão postal queria conhecer desde a última viagem quando fiz esse pecado e não o visitei. E apesar de tanta multidão que encontrámos lá (imagino como fica no verão?), fiquei chocada com a beleza do lugar. A sua construção data de 1839, quando o rei D. Fernando II de Saxe Coburgo-Gotha que era apaixonado por Sintra, adquiriu as ruínas do Mosteiro Jerónimo de Nossa Senhora de Pena para as transformar em um palácio.

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Em 1910, foi o local onde a nobreza Portuguesa passou a sua última noite, antes de fugir para o Brasil em exílio. Em recordação, o interior do palácio foi restaurado para manter o cenário presente em 1910. Muito além de um mirante, o um museu é informativo e fascinante.

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Comprámos o ingresso já na estação ferroviária porque a moça do posto de turismo falou que no palácio sempre tem fila. Foi um erro. Não tinha fila nenhuma e também, por não conhecer os horários da baixa temporada de ônibus/autocarros que passam pelo parque, comprei o ingresso que o inclui, mas sem poder usar (chegámos na pausa de 2h entre as linhas).

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Para chegar ao centro histórico de Sintra, optámos ir a pé que foi agradável e nada turístico. Então, descendo à esquerda da porta principal do palácio (onde fica a bilheteira), continuem uns 10 minutos na direção do Castelo dos Mouros. Ao chegar à bilheteira do castelo (uma casinha de vidro), virem à direita e sigam as placas do centro histórico. É uma trilha pela natureza, com o ar puríssimo e vistas lindas. É verdade que em algumas partes tinha obras e assim ficou complicado com o filho, mas valeu a pena. Depois de 20 minutos de descida, chegámos à praça principal onde fica o Palácio Nacional de Sintra. Como já o conhecemos da última vez, almoçámos e continuámos para a Quinta da Regaleira.

Quinta da Regaleira

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G1449212Um local diferente e misterioso definitivamente é a Quinta da Regaleira, um dos principais pontos turísticos de Sintra. Pertenceu à Viscondessa da Regaleira, mas o visual atual nasceu da imaginação do António Augusto Carvalho Monteiro entre os anos de 1904 e 1910, no final do período da monarquia. Junto com arquiteto italiano Luigi Manini, criou um lugar cheio de recantos mágicos e pormenores que não escondem a união entre a história nacional e o lado místico e esotérico, inevitavelmente associado à Serra de Sintra. O local oferece várias atrações: o palácio, a Capela da Santíssima Trindade e um lindo jardim, que faz referência a mitologia, ao Olimpo, a Camões e outros.

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Provavelmente agora vou provocar uma polêmica porque ouvi taaaanto sobre este lugar e eu achei mais ou menos. Sim, é diferente, tem aquele afeto de surpresa que é difícil conseguir no assunto turístico, mas achei mal organizado e talvez a minha decepção vá mais nesse sentido. Na entrada, além do ingresso, peçam UM MAPA, porque vão precisar mais de uma vez. A quinta é um verdadeiro labirinto de trilhas e lugares escondidos. A nossa intenção era chegar ao famoso Poço Iniciático, uma galeria subterrânea com uma escadaria em espiral por onde se desce até ao fundo do poço. Seguimos inúmeras placas no caminho, mas nunca dava certo, passámos por um zilhão de escadas, perguntámos várias pessoas no caminho e depois de 30 minutos de trilhas (com o filho de 5 anos que até achou tudo divertido, graças a Deus), encontrámos o poço DE BAIXO! E não de cima como o povo normal. Eu disse: „Com todo o respeito, Sr. Monteiro, eu não vou subir nove andares para vê-lo de cima.“ A escadaria é constituída por nove patamares separados por lanços de 15 degraus cada um, invocando referências à Divina Comédia de Dante, 9 círculos do Inferno, do Paraíso, ou do Purgatório. Obviamente, não senti aquela energia mistíca que todos mencionam, irritada saí e só tirei a foto do Lago da Cascata que achei bonito. Depois li que o poço diz-se iniciático porque se acredita que era usado em rituais de iniciação à maçonaria (sim, fiquei surpreendida). A simbologia do local está relacionada com a crença que a terra é o útero materno de onde provém a vida, mas também a sepultura para onde esta voltará. Muitos ritos de iniciação aludem a aspectos do nascimento e morte ligados à terra, ou renascimento. Com certeza vou dar a segunda chance a este lugar.;)

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A parte mais bonita da quinta foi o próprio palácio. Outra vez só por fora, porque dentro fica bastante vazio. A arquitetura parece séculos antiga e na verdade trata-se do início do s. XX. Incrível!

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Outros lugares legais que não tivemos tempo visitar esta vez são o Palácio de Monserrate, construído por um milionário inglês no s. XIX com um dos melhores jardins botânicos em Portugal; o Palácio de Seteais, hoje hotel, mas com o desenho do s.XVIII; o Castelo dos Mouros não subimos porque as muralhas de Dubrovnik este ano passámos quase 100 vezes :); e o que realmente lamento é não poder provar os travesseiros na Casa Piriquita, um local muito tradicional, fundado em 1862 É parada obrigatória para os amantes de doces. Fica a dica!;)

 Nota: Toda a nossa viagem ficou registrada nos destaques no Instagram @dubrovnik_em_portugues, que contém todas as dicas!

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